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sábado, 12 de novembro de 2011

Tudo Ok para a mega operação na Rocinha

As autoridades do Rio de Janeiro iniciaram em 2008 uma série de operações para pacificar as favelas da cidade controladas pelo tráfico e milícias paramilitares antes da Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
Mais de 1,5 milhões de pessoas vivem em uma das mais de mil favelas do estado

RIO DE JANEIRO, Brasil, 12 Nov 2011 (AFP) -As autoridades do Rio de Janeiro confirmaram que na madrugada deste domingo começará a megaocupação policial que ocupará a Rocinha, a maior favela do Brasil em poder dos traficantes de drogas há três décadas, gerando grandes expectativas entre seus moradores.
A partir das 05h00 os acessos da favela serão cercados por policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar com o apoio de 18 blindados da Marinha e dois helicópteros.
"Estamos preparados para ocupar. Se não houver confrontação, não vamos atacar, mas se houver, vamos lutar. Nunca se sabe o que bandido vai fazer. Estamos prontos para tudo que pode acontecer", disse o secretário de Segurança do estado do Rio, José Mariano Beltrame.
O Vidigal, vizinho da Rocinha, também será ocupado em uma operação simultânea, que terá a participação de aproximadamente 2.000 policiais. O Batalhão de Operações Especiais (BOPE) vigiará a mata que separa as favelas e que pode ser usada pelos bandidos como rota de fuga.
As autoridades vão ordenar o fechamento do espaço aéreo a partir da meia-noite. Estima-se que aproximadamente 200 traficantes ainda estão na Rocinha.
Desde quinta-feira, policiais fortemente armados se posicionaram nos acessos da favela e, com fotos de suspeitos em mãos, revistam todos os carros - públicos e particulares - que entram e saem da região.
Quatro pessoas foram presas, duas delas portavam granadas, munições e rádios transmissores. "Ainda há muitos bandidos ali dentro e é possível que, mesmo com a captura do Nem, aconteça uma guerra", disse uma moradora que pediu anonimato, sobre a prisão do chefe do tráfico da Rocinha, Antônio Francisco Bonfim Lopes.
Nem foi preso na madrugada de sexta-feira, quando fugia da favela escondido no porta-malas de um carro. Outros bandidos e policiais que faziam a escolta do bando, também foram detidos.
É a primeira vez que chefes do tráfico são presos antes de uma ocupação, "mas isso não muda nada", assegurou Beltrame. "Com Nem ou sem Nem seguiremos adiante com nosso projeto das UPPs", as Unidades de Polícia Pacificadora.
A ocupação da Rocinha faz lembrar a megaoperação policial-militar realizada em novembro de 2010 para retomar o controle das favelas do Complexo do Alemão, onde vivem cerca de 400.000 pessoas. As operações duraram vários dias com intensos confrontos que deixaram 37 mortos.
Ontem, as autoridades confiscaram oito motos, estacionadas em um luxuoso condomínio na Gávea, que seriam utilizadas para a fuga dos traficantes.
A Polícia Militar aproveitou a oportunidade para cercar a favela da Vila Vintém, dominada pela mesma facção de Nem e principal destino dos traficantes da Rocinha. Oito suspeitos foram capturados e dois morreram em confronto.
Do total, seis eram da Rocinha, incluindo os mortos e o "gerente" do tráfico, Jurandir Silva Santos, o Parazinho, considerado o número 3 na escala de poder.
O tráfico controla a Rocinha há 30 anos, por isso a operação gera grande expectativa entre os moradores da favela.
"Estão falando que o Nem pediu para todos os comércios fecharem no fim de semana porque poderia haver uma guerra", disse uma moradora. "No morro, ninguém sabe o que vai acontecer, mas acredito que vai melhorar", afirmou um comerciante da região.
"Preferia ficar em casa, mas se meu patrão pedir para eu trabalhar, vou ter que ir. A maioria vai ficar em casa", falou Maria Teixeira, que trabalha em um mercado.
As autoridades do Rio de Janeiro iniciaram em 2008 uma série de operações para pacificar as favelas da cidade controladas pelo tráfico e milícias paramilitares antes da Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
Mais de 1,5 milhões de pessoas vivem em uma das mais de mil favelas do estado.

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