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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Rede Globo usa opressão da mulher para esconder protesto contra a empresa

Na tentativa de minimizar protestos contra o conglomerado de comunicações, TV diz que o “cala a boca, Globo”, seria um ato de violência contra mulher

10 de novembro de 2011


A entrada de dois homens no link ao vivo do Jornal Hoje, da Rede Globo, na segunda-feira, dia 31 de outubro, que acabou por derrubar a jornalista Monalisa Perrone teve grande repercussão por ser apresentado em muitos meios como uma “violência contra a mulher”. Uma agressão motivada pelo fato de ela ser mulher, e não contra o conglomerado Globo de comunicações. Será mesmo?
O caso foi registrado na delegacia pela jornalista como agressão. O delegado Paulo Tucci, titular da Delegacia de Polícia do bairro Consolação, em São Paulo, afirmou que abrirá inquérito policial para “apurar o caso”. Os dois envolvidos já foram intimados para prestar depoimento.
A cena ficou marcada pela queda da jornalista, o espanto desconcertado dos âncoras no estúdio da Globo e uma confusão sobre qual o objetivo da ação dos que ousaram interromper a programação da toda poderosa Rede Globo de Televisão.
Muitos exploraram o caso inclusive porque a notícia do link ao vivo era sobre a doença do ex-presidente Lula, e na frente do Hospital onde ele esteve internado para tratamento do Câncer.
Apesar de toda especulação sobre o problema e a cena da repórter caindo, não é possível dizer que se tratou de uma violência contra a mulher Monalisa Perrone. Essa tese, e isso precisa ser dito, foi levantada pela própria Globo para descaracterizar o verdadeiro objetivo da ação direta contra a emissora.
Tanto que foi a empresa quem orientou sobre o registro da “agressão” e é o departamento jurídico da Globo que acompanha o caso. A jornalista em questão sequer foi autorizada a comentar o ocorrido.

O alvo era a Globo, não a repórter
Segundo Thiago de Carvalho Cunha, que pode ser visto falando para a câmera da Globo, a intenção era divulgar o seu curta-metragem “Merda no Ventilador”, produzido a partir de denúncias contra os conglomerados de comunicação, contra a manipulação e distorção que produzem da realidade.
O ato foi assumido pelo grupo MerdTV que já está conhecido por aparições inesperadas nas transmissões da Globo. O grupo, diante da repercussão do caso, declarou que naquela ocasião, como em outras, o objetivo era fazer uma intervenção durante a transmissão ao vivo e de nenhuma maneira atingir a jornalista.
Rodolfo Lima, que acabou praticamente caindo sobre a repórter, afirmou que o episódio apenas teve aquele desfecho porque os próprios seguranças da Globo e do Hospital Sírio Libanês empurraram os dois que para acabaram atingindo Monalisa Perrone, “foram os seguranças que nos empurraram e eu fui parar em cima dela”. Ele diz que “essa foi a minha 13ª invasão, mas eu nunca agredi ninguém, sempre fiz coisas inofensivas como levantar cartaz, jogar água na minha cabeça e gritar: ‘Cala a boca, Globo’”.
Tentar vincular a ação como uma violência dirigida contra a repórter, ou contra as mulheres é aceitar a versão da empresa que é uma das maiores falsificadoras da realidade do País.
Tentaram dizer que o ato aconteceu porque ela estava “indefesa” e foi “atingida pelas costas” etc. Alguns até consideraram que pode não ter sido violência contra mulher, mas que os dois deveriam tê-la acudido, se preocupado com a segurança dela ao invés de manter o protesto.
Outros disseram que é um atentado contra a liberdade de imprensa e um atentando contra os profissionais de jornalismo, o que foi ratificado pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e ABI (Associação Brasileira de Imprensa) em nota oficial em defesa da Globo.
Mas a própria segurança da empresa não teve preocupação com a segurança da profissional, mas com a transmissão. Aliás, o descaso com os profissionais de jornalismo e sua segurança foi confirmado com a morte de um cinegrafista da rede Band de televisão durante a cobertura de uma operação policial num morro carioca: o colete à prova de balas oferecido pela empresa, não segurou a bala que o matou, que pode inclusive ter vindo da polícia.
Portanto, tudo isso não passa de mais uma tentativa de manipular um acontecimento, utilizando um problema real, a violência contra as mulheres, por exemplo, em defesa de seus próprios interesses. E pior, essas declarações supostamente em defesa da mulher são justamente de setores que não tem nenhuma preocupação ou compromisso com qualquer melhoria da situação da mulher na sociedade. Muito pelo contrário, exploram o corpo feminino como mercadoria, para vender seus programas e produtos, mesmo que o conteúdo esteja relacionado inclusive com a violência contra mulher, o que é comumente visto em seus programas de humor e novelas.

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