Que remonta à própria fundação da cidade de Ubá e resgata a importância do Capitão-Mor Antonio Januário Carneiro no processo civilizatório de nossa região. Ubá comemorou no último dia 7 os 170 anos de criação da Paróquia de São Januário, com uma Missa em Ação de Graças na Igreja Matriz. A cerimônia contou com a presença do bispo Dom Dario Campos, que concelebrou a Missa com o pároco Frei Marcelo Garcia dos Santos e com o padre Carlos, da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário.
A saudosa presidente e fundadora da Academia Ubaense de Letras, Maria Clotilde Batista Vieira, narra em seu livro “História de Ubá para as Escolas” a história da fundação de Ubá e da criação da Paróquia. O NOTICIÁRIO, com a preciosa colaboração do jornalista ubaense Levindo Barros, conta um pouco desta história. “Existia apenas uma choça de barro coberta de folhas de palmeira, no largo coberto de capim, onde estava a matriz de São Januário”. A narrativa está documentada na edição de 12 de abril da GAZETA DE UBÁ do ano de 1890, ao noticiar o falecimento de Francisca de Oliveira Senra, aos 110 anos de idade. As igrejas construídas pelo padre Manoel de Jesus, em sua fase de catequese, eram simples choças rústicas que serviam apenas para abrigá-lo, enquanto exercia seu apostolado entre os índios da região. Nestas rústicas capelas oficiava a missa, fazia batizados e estas construíram os marcos da fundação de futuros municípios.
Todas estas capelas rústicas atestam a missão catequética do padre Manoel e foram os marcos dos municípios de Ubá, Astolfo Dutra, Muriaé, Cataguases, Rio Pomba e todos os arredores da bacia fluvial do rio Pomba e afluentes. O ALVARÁ concedido em 3 de novembro de 1815 oficializou a fundação de São Januário do Ubá, nome citado pela primeira vez em documento oficial, pois quando da concessão das SESMARIAS, citou-se apenas “as terras devolutas às margens do Rio Ubá”. Antônio Januário Carneiro, como principal interessado, recebeu esse ALVARÁ por intermédio de Guido Marlière, em sua casa em Presídio, onde residia como comerciante de poaia.
Considerando novembro de 1815 época chuvosa, não era de esperar-se que fosse iniciada a construção da Igreja de São Januário. O local era deserto. Nada existia a não ser a choça-capela. A população indígena, nômade, não era fixa e não se podia contar com seus serviços. Antônio Januário Carneiro já era proprietário da fazenda Boa Vista, onde hoje situa-se a Fazenda Boa Esperança, e foi nesta propriedade que organizou a infra-estrutura para o beneficiamento da madeira e montagem de serraria e olaria para fabricação de telhas para a Igreja. Desde a derrubada das árvores para os barrotes, até a cumeeira, a madeira era a matéria prima imprescindível. Antônio Januário trouxe de Calambau e Piranga todos os operários e oficiais especializados, fornecendo-lhes alimento e hospedagem em sua fazenda, até que construíssem casa de morada em terrenos que ele também lhes doou. Somente após essas casas já prontas, os operários trouxeram suas famílias para junto de si.
As casas situaram-se próximas à igreja em construção, onde hoje é a Rua Santa Cruz, antigamente Rua de Trás, por estar situada atrás da igreja. Mesmo depois de pronta a igreja, esses operários continuaram a residir no nascente arraial e, em 1830, dois anos após a morte de Antônio Januário Carneiro, o povoado tinha dezenove casas, as dos operários trazidos pelo Capitão-Mor. Em 1838, Antônio Januário Carneiro Filho, trouxe de Paraibuna (Juiz de Fora) um oficial em talha, alemão, Joseph Mathias Neiffs, para construir o altar-mor. Somente três anos depois temos a igreja totalmente pronta, para ser dignamente elevada à Paróquia, em 1841”.
Portanto a Capela construída pelo fundador da cidade, Antônio Januário Carneiro, foi terminada por seu filho mais velho, Antônio Januário Carneiro Filho, e reivindicou-se o desligamento do curado de São Januário do Ubá da Paróquia de São João Batista do Presídio (atual Visconde do Rio Branco). Finalmente, em 7 de abril de 1841, pela Lei Nº 209, o curato de São Januário foi elevado à Paróquia, desligando-se de São João Batista do Presídio, ao qual pertencia desde 1811.
Em 6 de setembro de 1841 a Paróquia de São Januário foi instituída canonicamente, e o nosso primeiro Vigário foi o padre Joaquim Teixeira da Conceição, natural de Rio Pomba. Durante todas as missas celebradas na Igreja de São Januário no mês de abril, um painel com a representação temporal de todos os vigários e as principais ações da administração da Paróquia ao longo do tempo estará em exibição aos fiéis. “Em setembro próximo, por ocasião da festa do padroeiro, iremos resgatar mais um pouco da história da paróquia e da cidade de Ubá”, informou Rita Feital, professora de catequese e integrante do Centro Pastoral Paroquial.
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